quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Reflexões sobre a estrutura e o desempenho das escolas

É comum associarmos a qualidade do ensino de uma escola com a quantidade de recursos que ela oferece aos seus alunos. Esses recursos podem ser desde os espaços físicos, que permitam atividades além da tradicional sala de aula, ou tecnologias, que auxiliem na dinâmica do aprendizado. Altos investimentos do poder público acabam, por consequência, se tornando sinônimo direto de melhoria na qualidade da educação. Bom, pelo menos é nisso que muitas pessoas acreditam e que os jornais reforçam…

http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/02/07/governo-anuncia-distribuicao-de-600-mil-tablets-para-ensino-medio.htm

http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/10/com-verba-garantida-52-quadras-de-escolas-esperam-por-reforma-em-sc.html

As reportagens apresentadas são exemplos de uma percepção rápida e pouco problematizada sobre: a) o que constitui a educação; b) como investimentos (e que tipos de investimentos) podem melhorar o aprendizado; c) quais impactos a inserção de tecnologias podem trazer para o ambiente escolar; d) como será (ou está sendo) usada a infraestrutura/tecnologia; e) quem tem (ou terá) acesso; entre tantas outras questões que podem ser levantadas. Normalmente, as notícias se pautam em questões políticas e econômicas, pouco explorando a Educação como eixo principal e que pode ser encarada como editoria ou especialidade. (Faça o teste: jogue a frase "governo anuncia investimento em educação" em algum buscador na internet e leia os resultados. Raramente você encontrará algo bem contextualizado e sem cara de propaganda eleitoral...)

Refletindo sobre a relação entre disponibilidade de recursos e melhoria da educação, resolvemos pesquisar qual é a infraestrutura física e a estrutura tecnológica que as escolas públicas de Florianópolis dispõem. Ligamos para seis escolas municipais, seguindo o critério de ordem alfabética dos nomes, conforme a listagem do site da Prefeitura Municipal. Confira os dados aqui.


A seguir, apresentamos os resultados das escolas no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, divulgados em 2013. Link.



Os recursos disponíveis nas escolas mencionadas nos surpreenderam positivamente. Talvez, mais, pela expectativa de que "tudo fosse sucateado" ou seguisse o status de "em falta". Além de mapear o que existe disponível, também é importante registrar o uso e alguns depoimentos coletados.

Quem conversou conosco sobre a Escola Básica Albertina Madalena Dias relatou o problema da falta de espaço. Atualmente, a escola comporta aproximadamente 800 alunos e já trabalha com salas de aulas alugadas em prédios vizinhos para dar conta da demanda. Algumas atividades extras dependem do empréstimo das dependências da Associação de Moradores do bairro. Em situações como essa, é comum que as salas-ambiente ou laboratórios sejam desapropriadas para ceder espaço às turmas, visando o objetivo básico das escolas que é garantir o direito de acesso à educação. Há dois anos, a escola cancelou o projeto da rádio que era mantida por um professor. Segundo o depoimento da pessoa que nos atendeu, o professor precisou ser transferido de unidade após sofrer ameaças por ter divulgado uma notícia. A escola Almirante Carvalhal oferece aulas de capoeira e possui a "sala pólo", que dá suporte aos alunos que necessitam de condições diferenciadas para a aprendizagem. Na escola Antônio Paschoal Apóstolo é desenvolvido um projeto de composteira. A escola Batista Pereira oferece o projeto IFSC, que prepara os alunos do 9º ano para prestarem o vestibular e ingressarem no ensino técnico federal. Também oferece oficinas de esportes e uma rádio. Atualmente, a escola Beatriz de Souza Brito está passando por reformas para reestruturação. A previsão é de que no próximo ano letivo todas as atividades extras e espaços diferenciados sejam restabelecidos.

Ofertar mais opções aos estudantes e à comunidade é um objetivo a ser buscado pelas instituições e profissionais de ensino. Daí vale a ideia de fazer render com o que se tem. Recentemente, a revista Superinteressante divulgou uma série de reportagens intitulada #PúblicasExcelentes. A primeira reportagem conta sobre uma escola localizada no sertão cearense, que não dispõe de uma infraestrutura grandiosa, mas que apresenta nível de aprendizagem superior a média de países como a Suíça.



Vários exemplos de projetos desenvolvidos nas escolas estão diretamente relacionados à figura de algum professor. Inclusive, certas demandas só são cumpridas por vontade própria dos profissionais. Enquanto educadores, os professores devem proporcionar um vasto leque de vivências e experiências a seus alunos, proporcionando-lhes, assim, diversas formas de aprendizagem. Sendo assim, através do exemplo da escola da reportagem da Superinteressante, percebemos que quando o foco passa a ser o educando e seu aprendizado, a estrutura escolar passa por outro olhar e julgamento. Obviamente, um espaço escolar adequado e melhor equipado irá facilitar substancialmente a implementação de dinâmicas e projetos, entretanto, quem está à frente de uma instituição educacional não pode ficar refém apenas de estruturas para a implementação de certas ideias. Partindo do princípio de uma educação mais ampla, um aspecto vem emergindo e tornando-se indispensável à formação profissional do educador: o uso de mídias durante o processo ensino-aprendizagem. 

Quando se fala em amplitude, o universo midiático mostra-se como um dos espaços mais amplos em possibilidades. De acordo com dados obtidos através dos telefonemas, todas as escolas municipais consultadas dispõem de um laboratório de informática (ou uma sala informatizada). Diante deste cenário, torna-se ainda mais necessária uma formação de docentes que englobe os aspectos contemporâneos de mídia-educação. Através de tais conhecimentos, este docente será capaz de proporcionar vivências diferenciadas, que até então não são usuais na maioria das escolas, se apropriando deste universo digital de possibilidades educativas. Sendo assim, existe neste processo um potencial enorme de superação de falhas do sistema atual. Pesquisas ou vivências do gênero utilizando as mídias e afins, em conjunto com os alunos, pode-se construir dinâmicas e estratégias que possibilitem experimentações que superem, assim, possíveis dificuldades enfrentadas em relação à estrutura física do espaço escolar.

Para finalizar, deixamos uma playlist com vídeos sobre abordagens pedagógicas da Educação Física que ilustram a importância de conhecimento e criatividade para melhor atuar nos ambientes escolares.


Por:
Eduardo Brandalise e Djalma Júnior

Nenhum comentário:

Postar um comentário